Conserta o meu Puma, por favor

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Opinião: o modelo novo da Puma poderia ter sido bom

O novo modelo da Puma deu o que falar no mundo dos uniformes esportivos. E no Uniformes CFC eu já fiz as minhas críticas em dois artigos diferentes (primeiro aqui, continuando aqui, e com uma zoeira extra aqui). Para explicar algumas mudanças que propus em dois uniformes-conceito que fiz na sequência que (na minha humilde opinião) consertaria o modelo da Puma, vou retomar algumas críticas principais, mas vou começar pelo que sempre disse que era o ponto positivo do conceito: usar os nomes nunca foi um problema.

Confira na sequência como pequenos toques poderiam fazer desses modelos um dos melhores dos últimos anos ao simplesmente deixá-los com cara de camisa de futebol.


No que foquei

Eis a lista dos principais problemas dos modelos da Puma.

  1. Nas seleções, que usam os nomes dos países menores, a camisa parece “da Puma”, não da seleção em si;
  2. Nos clubes, que ao menos o nome tem mais proeminência, os que vem na mesma cor do patrocinador faz com que ambas as informações se misturem;
  3. Resumo: a falta do escudo e a composição dos demais elementos fazem a camisa simplesmente não parecer uma camisa de futebol.

O que eu fiz

Falando especificamente do que eu fiz, busquei fazer um modelo de cada: seleção e clube. E para evitar uma comparação direta com o resultado final, procurei por patrocinados da Puma que não tivessem uma camisa nesse estilo já lançada.

E aqui preciso confessar que derrapei. O burburinho do lançamento foi tão grande no futebol europeu que, ao decidir buscar equipes latinas, selecionei Uruguai e Chivas Guadalajara. Porém, me esqueci que o uniforme reserva do Uruguai na Copa América foi feito nesse modelo.

Ainda bem que, como escolhi fazer modelos três para ambos, o uniforme uruguaio também fugiu bastante visualmente daquele que foi lançado.

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Por outro lado, como montei um “como seria no modelo real da Puma versus como seria o meu”, foi interessante ver que, mesmo com esse esquecimento, quase acertei em cheio o padrão do uniforme uruguaio, só errando um pouco a trama da marca d’água (pouco visível na imagem acima, mas bem destacado neste link). Sim, o modelo da Puma é bem previsível.

Seguindo, a escolha de cores para ambas as equipes foi, também, baseada nos modelos reais que os países já tem. Como o Uruguai tem uma camisa celeste e outra branca, parti para o preto no uniforme três; como o Chivas tem sua tradicional listrada alvirrubra e a reserva num azul bem escuro, parti para o branco no uniforme três.

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Fugindo do que faço, normalmente, em que foco muito mais em combinação de cores, modelos simples e nenhuma aplicação de marca, aqui usei marca d’água, logo da Puma, patrocinador, tudo em prol de um realismo maior para a comparação.

Por fim, ao reincorporar o escudo ao desenho, eu diminui a proeminência da marca d’água dos escudos na camisa (mas não a eliminei completamente).


Os resultados

– Uruguai (Puma x Uniformes CFC)

– Chivas Guadalajara (Puma x Uniformes CFC)

Obs.: sim, eu sei que o nome oficial do clube não é Chivas (Club Deportivo Guadalajara), mas é um apelido tão onipressente que seu uso no lugar do nome oficial seria tão normal quanto lançar uma camisa escrito "Timão" ao invés de "Corinthians".

Claro que eu estou avaliando um trabalho próprio, logo não pretendo pagar de isento. Mas eu compraria as camisas que eu fiz com bastante gosto. Já as da Puma, melhor esperar a próxima coleção.


– ATUALIZAÇÃO: os regulamentos de uniformes

Conforme apontado por meu amigo Jirlan Biazatti, algumas dessas escolhas esteticamente questionáveis dependeriam de aprovação dos regulamentos das competições. Lembrando que cada competição tem o seu, não existe um regulamento geral de uniformes (o da Fifa só vale para competições geridas diretamente por ela, por exemplo).

Recentemente na Itália, o Venezia lançou camisa com nome, escudo e bandeira, e teve que ficar só com o nome nas partidas da Serie A, pois seu regulamento espartano de uniformes (que em breve vai proibir até o uso de verde) só permite uma identificação do clube na camisa. No México, duvido que isso seria um problema para o Chivas, visto que a camisa do Tigres tradicionalmente tem escudo e nome.

Já a questão do Uruguai é mais delicada: o regulamento da Fifa para seleções até permite o uso de mais de um tipo de identificação na camisa, onde a federação deseje na maioria dos casos (vide camisas da Suíça na Copa do Mundo de 2018 e de Camarões e África do Sul na Copa do Mundo de 2019).

Mas uma exceção é o uso de emblema e nome, que ela pede que sejam adjacentes, mesmo o nome já sendo restrito a um tamanho diminuto (página 33, item 11.2 do último regulamento disponível) – talvez daí aquele posicionamento estranho do escudo da Itália na camisa que a Puma fez.

Mas fica aqui um registro que este foi um exercício de estética, não de cumprir regulamentos. Até porque se o regulamento não permite que o padrão da Puma fique bonito, você sempre teria uma opção simples: seguir outro padrão.


Imagem de abertura retirada de Mantos do Futebol. Demais fotos de Todo Sobre Camisetas.